Pastora Maria Luiza Ribeiro Cherioni

O Milagre do Perdão
Para que ao Nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na Terra e debaixo da Terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.
Filipenses 2.10- 11
Prª. Luiza Cheironi
Primeira edição, 2004
É proibida a reprodução total ou parcial
sem a permissão por escrito do autor.
Composto e impresso nas oficinas da
Editora Betânia s/c
Rua Padre Pinto, 2435
Belo Horizonte (Venda Nova), MG
Agradecimentos
A Jesus, o meu Amado Senhor, que me amou em primeiro lugar, me perdoou e me ensinou a amar e a perdoar.
Ao meu esposo Wagner Botelho Cherioni, que tem sido amigo, companheiro, um homem “segundo o coração de Deus”, pastor junto comigo da Comunidade Evangélica Sol da Justiça, que esteve sempre ao meu lado, me apoiando, abençoando e amando.
À Andressa e Priscila, minhas filhas, presentes de um Pai de amor em nossas vidas.
A todos que oraram e me incentivaram e nos ajudaram na realização deste livro, que o Senhor em sua infinita graça retribua a cada um.
À Comunidade Sol da Justiça, igreja que nasceu no coração de Deus, o meu amor e carinho e oração e enquanto o Senhor permitir, desejo servi-los de todo meu coração.
A Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo toda honra, glórias e louvores. Que Eles façam deste livro canal de salvação, cura e libertação, abençoando a todos aqueles que fizeram a leitura do mesmo. Amo todos vocês.
Jesus, o Amado. Aquele que espero ansiosamente e desejo realizar a sua vontade acima de tudo. Nele tenho encontrado a verdadeira vida, esperança, paz e perdão. Separou-me para o santo ministério e me ungiu para libertar aos cativos do ódio, dos traumas, trazendo a cura aos quebrantados de coração.
Perdoar é um ato que restaura a alma, liberta-nos das mágoas e nos traz de volta a alegria.
Para vocês: O Milagre do Perdão
Prª. Luiza Cherioni
Introdução
“Vai, pois agora, escreve isto em uma tábua perante eles e aponta-o em um livro, para que fique escrito para o tempo vindouro, para sempre e perpetuamente”. [Isaias 30:8]
Confesso que escrever um livro, nunca foi desejo meu. Até que recebi um comando do Senhor, que deveria fazê-lo, e como seus pensamentos são mais altos do que os meus, eu decidi por obedecê-lo. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos. [Isaias 55:9]
Alguns anos atrás, em meu período devocional, ouvi a doce voz do meu Senhor dizendo-me que precisava registrar num livro minha experiência pessoal de perdão e trouxe-me uma palavra rhema do versículo acima citado
Querido leitor (a), meu único e exclusivo objetivo é que assim como Ele me ensinou a perdoar, o faça com você também. Sei que o Espírito da Verdade me auxiliará para na integra relatar os fatos ocorridos e que Ele mesmo unja a sua mente e comunique ao seu espírito a Verdade da “Palavra de Deus que, é “viva e eficaz e mais penetrante do que espada de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito e das juntas e medulas e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração’’. [Hebreus 4:12]
Prª. Luiza Cherioni
Capitulo 1
A Infância
Nasci em um lar desestruturado pela miséria e vício, sou a terceira filha entre oito irmãos e meus pais não conheciam a Jesus e estavam entregues a toda prática que contraria a Palavra de Deus, envolvidos em superstições e ocultismos.
Nos quais o deus desde século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. [II Corintios 4:4]
A minha infância foi cercada de sofrimentos, meus pais falharam como educadores e a única linguagem que conheci foram agressões verbais e físicas, além de privações básicas de alimento e vestuário.
Meu pai, um homem severo, cruel e dominado pelo alcoolismo, embora trabalhador, tudo o que conquistava perdia em jogos de baralho, nas corridas de cavalos e em bares. Em casa dominava a família com violência e espancamentos. Minha mãe, uma mulher passiva e talvez pelo medo, não o contrariava em nada, permitindo que ele continuasse a nos agredir.
Lembro-me das surras com qualquer objeto disponível no momento, acordava a noite com meus irmãos gritando, sendo espancados por quaisquer motivos e ás vezes sem motivo algum.
As humilhações que sofríamos na escola devido a nossa pobreza eram grandes, muitas vezes não tínhamos o material para ser utilizado, e os colegas nos ridicularizavam. Tínhamos também dificuldades no aprendizado devido a falta de ajuda e incentivo em casa com as lições. Não havia nenhuma participação de nossos pais em reuniões, ou festas, e eu ainda tinha a responsabilidade de cuidar dos meus irmãos menores, porque nossos pais e irmãos mais velhos trabalhavam no campo o dia todo.
Como criança, sempre desejei ter uma festa de aniversário,porém aquela música “Parabéns prá você” conheci somente quando adulta.
Além das agressões verbais, havia agressões físicas e as piores eram as agressões sexuais que produziram marcas profundas na minha alma e personalidade, levando-me a um mundo irreal, envolvido por fantasias, como fuga de uma realidade cruel. Lembro-me acordando a noite sendo acariciada por meu pai. Sentia muito medo, ainda tão pequena, entre cinco e seis anos, mas sabia que algo ruim estava acontecendo. Isto se arrastou por alguns anos.
Quando cheguei a idade de doze anos, já cansada de tudo, num gesto desesperado contei a minha mãe em detalhes tudo que acontecia. Ela vendo meu desespero foi pedir explicações para ele, que negou tudo e ambos decidiram me mandar embora de casa.
As ameaças, o medo, a falta de crédito da parte da minha mãe, o desamparo, produziram em mim um ódio profundo em relação aos meus pais. Era uma criança entregue ao mundo desconhecido, a desafios como o de me auto-sustentar. Saindo do campo para a cidade, tendo que continuar os estudos, consegui um trabalho de doméstica na casa de uma família, mas por eu ser tão nova e não saber fazer as coisas direito, eles também não tinham paciência de me ensinar e me ridicularizavam. Mesmo assim perseverei trabalhando e estudando.
Com dezessete anos surgiu uma oportunidade para lecionar em uma escola no interior de Bom Jesus (RS), o que aceitei e este foi um tempo especial porque experimentei um sentido de dignidade, mas com o passar do tempo ao invés de aproveitar esta nova possibilidade de vida, comecei a me envolver com pessoas e em algumas situações que me levaram a uma crise existencial profunda, a alegria era superficial, um vazio enorme, falta de sentido da vida, havia em mim uma vontade de morrer e as lembranças da infância continuavam a me atormentar. Comecei a sofrer de insônia, não tinha personalidade própria, era induzida por terceiros e muitas vezes eu olhava para o céu e me perguntava se existia mesmo Deus, e se Ele existia porque permitiu que eu nascesse naquela casa e tivesse passado por tudo aquilo. Será que Ele se importava comigo? Era algo que não conseguia compreender. Perguntas que ficavam sem respostas. Como eu poderia chegar até Ele?
Eu sentia que era ninguém para Ele, pois se a minha mãe e meu pai me desprezavam, eles que deveriam cuidar de mim, quanto mais Deus, que deveria ser tão ocupado, com certeza Ele nem se importava comigo!
Complexo de inferioridade, causado por tanta rejeição, me levou a crer que eu era desprezível, feia, não amada. Isto é pouco para definir como me sentia. Odiava espelhos porque ali estava minha imagem. Nenhum relacionamento amoroso prosseguia porque o medo de ser rejeitada, muitas vezes eu o fazia primeiro, e também, por não me amar atraia rejeições dos homens. Eu era religiosa, ia a missa todos os domingos, cheguei a ser co-líder dos jovens, tudo o que fazia era decorado ou imitando alguém.
A minha alma estava em trevas, procurava não lembrar dos meus pais, quando o fazia imaginava a morte deles com um prazer sádico, movido pelo ódio. Esta era a rotina da minha existência e isto durou algum tempo até que algo aconteceu.
Capítulo 2
Jesus, A Diferença.
Não atribuo a meus pais as práticas pecaminosas da minha vida, porque não conhecendo ao Senhor, eu me tornei escrava do pecado e somente conhecendo a Verdade eu poderia ser liberta. A Verdade veio ao meu encontro através de uma carta deixada na prefeitura endereçada a mim e quem a remetia, minha mãe, que depois de anos dizia sentir saudades e falava algumas coisas estranhas como que ela e eu pai agora eram crentes, freqüentavam uma Igreja Evangélica e suas vidas haviam mudado. Estavam libertos dos vícios e me convidavam a voltar para casa. No começo ignorei, pois a amargura, o ódio, o rancor, eram grandes. Porém, algumas coisas começaram a acontecer, fui dispensada da escola onde lecionava e fiquei sem ter onde morar. Tentei em vão outro emprego, decidi então, movida pela necessidade, voltar para casa de meus pais por um tempo e depois seguir meu rumo, afinal eram eles que estavam me chamando. Hoje eu reconheço que as portas que se fecharam, foram fechadas por Deus, me conduzindo a um tempo de cura e restauração.
Então foi exatamente isso que fiz, fui para Gramado (RS) onde eles moram e procurei minha casa. As lembranças de tudo que passei na infância ainda eram muito fortes e o fato de olhar para o meu pai de novo não me agradava. Quando cheguei, meus pais não estavam e isto meu trouxe um grande alívio. Apenas meus irmãos estavam em casa e senti muita alegria em revê-los, estavam crescidos, já fazia dez anos que eu estivera longe de casa, e para eles eu era uma estranha, porque alguns ainda eram bebês quando fui embora. Rever meus irmãos foi um momento muito feliz, o maior que tivera em muitos anos de vida,
Mais tarde meus pais chegaram e quando vi minha mãe fiquei emocionada, como diz o ditado popular: “mãe é sempre mãe”. Contudo, ao rever meu pai, um ódio sem limites invadiu meu coração e não consegui encará-lo. Ficou um clima horrível e tenso. Ele procurou entender, mas eu não conseguia falar com ele e quando ele estava em casa, ou eu saia ou me escondia no quarto e assim passaram vários dias. Diante daquela situação, Eu já fazia planos de ir embora novamente.
Os meus pais iam à igreja e oravam por mim e na providência Divina encontrei alguns amigos de infância que participavam da mesma igreja deles. Quando me viram me convidaram para ir a suas casas, o que logo aceitei. Fui dormir na casa deles e neste dia o amor de Jesus alcançou meu coração. Entre uma conversa e outra, lembranças dos dias de infância, e depois fomos dormir já em horas avançadas da madrugada. Quando uma de minhas amigas começou a falar do amor de Deus por mim revelado através de Jesus, no inicio rejeitei dizendo que eu tinha Deus. Ela na inspiração do Espírito Santo foi confrontando-me com a Palavra que começou a queimar como fogo dentro de mim. Nesta ocasião, ela fez o apelo para que eu voltasse para Deus. Eu chorei muito, por horas consecutivas, e confessei a Jesus através de uma oração que ela pediu para que eu repetisse. A saber: “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, em teu coração creres que Deus ressuscitou dentre os mortos serás salvo” [Romanos 10:9].
No outro dia acordei com uma espécie de alivio, uma paz e uma alegria indescritível tomaram conta de mim. Uma força inexplicável que me levou a decidir largar os vícios que possuía e um desejo muito grande de ir até uma igreja. Ali começou minha caminhada de fé. Meus pais ficaram felizes demais e nosso relacionamento melhorou. Centralizei todo esforço para conhecer Deus através da Palavra e confesso que enfrentei oposição maligna. A insônia piorou e fiquei três meses sem dormir, o que aproveitava para ler e orar. Período difícil porque levantava às seis horas para trabalhar e a noite não conseguia dormir. O Senhor em sua graça maravilhosa veio sobre mim e tive a oportunidade de ser batizada no Espírito Santo. O sobrenatural de Deus encheu meu espírito, falei em línguas que não conhecia e a presença Santa e Poderosa de Jesus deixou de ser teoria para mim e era uma realidade. Eu já eu podia exclamar, “eu te conhecia só de ouvir, mas agora meus olhos te vêem” [Jó 42:5]. Nasceu em mim um desejo enorme de falar de Jesus para àqueles que não o conheciam e comecei a testemunhar para os colegas de trabalho, amigos, parentes, enfim a todos que tinha relacionamento. Eu me sentia sem preparo teológico e muitas vezes isso me frustrava. Comecei a sentir desejo de fazer algum curso que me ajudasse na pregação do evangelho, foi quando encontrei um rapaz que era missionário e falou-me de uma missão chamada Jocum (Jovens com uma missão). Contou-me de sua experiência pessoal naquele lugar, seu lema e sua missão era conhecer a Deus e fazê-lo conhecido. Era tudo o que eu desejava. Conversei com o pastor, que apoiou a possibilidade de eu ir fazer o curso nesta missão.
Querido leitor, faça comigo, está oração, repetindo em voz alta as seguintes palavras: Jesus, eu te recebo como meu único Senhor e Salvador, eu creio que tu morreste por mim, pelos meus pecados e te peço perdão por eles. Muda minha vida, escreva uma nova história. Liberta-me do mal e que a partir de agora, o Teu Espírito Santo mores em meu coração. Eu te entrego tudo! Eu te amo Jesus !!! Amém.
Capítulo 3
Curando Feridas Abertas
Cheguei na Jocum em Gravataí (RS) numa manhã ensolarada e fui impactada pelo estilo de vida das pessoas que se encontravam naquele lugar. Aquele lugar foi meu Peniel, um lugar de encontro, onde Deus mudou a minha identidade, assim como aconteceu com Jacó que se tornou Israel. Já havia se passado dois anos de minha conversão, mais eu possuía ainda muitas deficiências de caráter e feridas que precisavam de restauração.
Pela manhã tínhamos aulas com ministrações e no período da tarde trabalhávamos. À noite retornávamos às aulas e nos fins de semana fazíamos trabalhos de evangelismo e apoio nas igrejas locais. Foi um período maravilhoso em minha vida, sentia presença de Deus e estava aprendendo cada dia mais sobre Ele. Havia esquecido dos dramas vividos no meu passado até que o Espírito Santo resolveu tratar com esta área da minha vida.
Num certo dia tivemos numa aula com o diretor da missão, Paulo Serrinha, que às escondidas chamávamos de “serrote”, por que ele era muito insensível. O tema da aula era “Paredes da Alma” e no final da aula ele pediu que fizéssemos um círculo e falássemos de coisas que nos traziam dor, amargura, ou mesmo raiva. Ele explicou que através porque da confissão e da oração receberíamos a cura, conforme o que esta escrito no livro de Tiago: “Portanto, confessai os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz” [Tiago 5:16].
Um a um fomos falando e íamos sendo ministrados. Enquanto não chegava minha vez, ia pensando o que dizer. Toda minha vida foi passando como um filme em minha mente. A infância, os espancamentos, as humilhações, os abusos, as privações e a expulsão de casa. Uma dor profunda transpassava a minha alma e não conseguia falar. Travava-se de uma guerra entre a luz e as trevas, entre o amor e ódio. Eu estava paralisada, imersa em um turbilhão de lembranças, impossível descrever o que aconteceu. Somente conseguia chorar e com muita ajuda intercessora daquele grupo, consegui contar minha história e liberar perdão a meus pais. Não tenho noção do tempo em que fiquei ali, mas o que também nos impressionou naquele dia foi que o diretor chorou como uma criança, tocado por tudo aquilo que estava ocorrendo. Eu perdoei meu pai e a através deste perdão fui liberta de todo ódio que sentia. As raízes de amargura foram arrancadas de dentro de mim, as cadeias que me prendiam foram abertas e um bálsamo celestial invadiu meu ser. Fui orientada pela liderança a falar para meu pai que o perdoava por tudo e ao mesmo tempo também pedir perdão por toda amargura e ódio que abriguei por tantos e tantos anos.
Obedeci e na primeira oportunidade cheguei para ele, abri meu coração, pedi seu perdão e liberei o perdão de Deus sobre a vida dele. Choramos juntos e nos abraçamos. Foi a primeira vez em toda minha vida que pude sentir A presença do meu pai sem tentar sem esquivar dela. Deus restaurou nosso relacionamento. Hoje consigo olhar nos seus olhos e abraçá-lo. Posso dizer que agora tenho um pai, com toda propriedade da palavra pai e uma mãe amorosa e presente.
Nos dias de hoje, Deus tem usado este testemunho para restaurar vidas, trazendo cura e libertação. Eu sou convidada para testemunhar em encontro de casais e tenho visto em inúmeras ocasiões que muitos são livres dos verdugos que os atormentam por não perdoar. Quando perdoamos, a graça de Deus que nos foi privada é restaurada. Na minha vida eu pude sentir este “estado de graça”. Deus liberou cura em minha alma quando perdoei meus pais. Fui liberta de todo ódio, das perturbações quando as raízes foram abertas e os grilhões quebrados. O autor do livro de Hebreus 12:15 nos adverte: “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem”.
Quando permitimos raízes de amargura em nosso coração, somos entregues a atormentadores, que geram toda espécie de contaminações em nós. Somente através de nossa decisão de perdoar é que seremos libertos e encontraremos a paz. Mas o que é uma raiz de amargura? Ela pode ser definida como parte invisível de uma planta destrutiva que produz um fruto venenoso. Em certas situações são plantadas no fundo de nossa mente, emoções negativas tais como: rejeição, ressentimento ódio. Se não rejeitarmos estes sentimentos, eles crescerão e passarão a afetar nossa motivação, nossos pensamentos e nossos relacionamentos no futuro. Precisamos perdoar aos que nos ofenderam, querem eles o tenham feito intencionalmente ou não. Perdoar quantas vezes se fizer necessário ainda que setenta vezes sete com o próprio Jesus nos ensinou. “Então Pedro, aproximando-se dele disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus disse: Não te digo até sete; mas, até setenta vezes sete” [Mateus 18:21-22].
Meu próprio pai foi alcançado pelo perdão de Deus, porque aceitou a Jesus e teve sua vida radicalmente mudada. Deus também o ensinou a graça de perdoar. Meu irmão mais velho tornou-se alcoólatra e tinha uma vida desregrada e infeliz. Com o coração endurecido pelo pecado, rejeitava a Verdade do Evangelho. Com trinta e um anos, casado e tendo dois filhinhos, envolveu-se em uma discussão e levou um tiro na barriga dentro de um bar. Foi levado ao hospital e começou ali um processo de sofrimento para nós. Seu estado era grave e neste ínterim ele fez a maior e melhor das decisões: aceitou a Jesus, confessando-o como seu Senhor e Salvador. Depois de um mês internado, confiantes que ele estava restabelecido, os médicos já falavam em ar de alta e nós organizando tudo para que ele estivesse em casa na páscoa, foi quando seu quadro clínico piorou e as pressas foi submetido a uma nova cirurgia que não resistiu. Depois de cinco dias veio a falecer.
Ficamos em estado de choque e desespero. Era como se um pedaço de nós estivesse naquele caixão. Um vácuo foi deixado em nossas vidas e meu pai, mesmo sendo cristão, foi sendo dominado por um sentimento de ódio e vingança. Um pensamento maligno o perseguia: matar o assassino do filho. Não falou isto para ninguém, não pediu ajuda e num gesto louco e desesperado comprou um revolver e aguardava a ocasião para cometer crime. O Senhor em sua sabedoria concedeu oportunidade para que numa noite conversássemos sobre o acontecido e movida pelo Espírito Santo comecei a falar sobre perdão. Que Deus nos perdoou em Cristo e deveríamos perdoar aquele que nos causou tanto mal. No inicio parecia que falava a um muro de concreto, mas a Palavra do Senhor é como martelo que esmiúça a penha. “Não é a minha palavra como fogo e como um martelo que esmiúça” [Jeremias 23:29], e num determinado momento ele se quebrantou e decidiu perdoar a pessoa que tirou a vida de meu irmão. Ele nos revelou suas intenções o que nos deixou perplexos. Nos ajoelhamos e ele disse para Deus que perdoava o assassino de meu irmão, entre gritos de angustia, ele perdoou, desfez do revólver e toda trama do maligno foi destruída.
A falta de perdão dá ao inimigo direito legal e ele entra a fim de nos oprimir e atormentar. Quando perdoamos, abrimos espaço para Deus nos curar e restaurar. Querido leitor, eu te convido a tomar uma decisão: perdoar a todos que consciente ou inconsciente te feriram. Há uma força sobrenatural no perdão, por ele caminhamos na luz e andamos em paz com Deus. É difícil perdoar, mas não impossível. Jesus não ordenaria alguma coisa alem das nossas forças. Perdoar é obediência a um mandamento, é seguir o exemplo do nosso amado Senhor que na cruz perdoou seus algozes.
Finalizo com a seguinte declaração da palavra de Deus:
“Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós, se, porém não perdoardes aos homens suas ofensas, também vosso Pai não vos perdoará as vossas ofensas” [Mateus 6:14 e 15].
O perdão não é um sentimento; é basicamente uma decisão. Sempre que nos sentirmos incapazes de perdoar, ou não estivermos dispostos a fazê-lo, devemos clamar ao Senhor para que Ele nos ajude e Ele em sua fidelidade nos dará a graça necessária e alcançaremos a vitória.
Capítulo 4
Nasce Um Ministério
Ainda na Jocum comecei a buscar de Deus qual era o meu chamado ministerial, porque todos falavam que tinham uma vocação e eu não sabia exatamente qual era o plano de Deus em relação a minha vida. Foi quando o Senhor falou comigo através de sonhos, onde, eu estava em um determinado lugar onde muitas pessoas que fixavam os olhos em mim, estavam esperando alguma coisa de minha parte, eram dependentes de drogas e álcool com visual bem extravagante e eu sabia que precisavam de minha ajuda. A partir de então, fui conduzida pelo Espírito Santo a ter contato com pessoas viciadas e o Senhor me usava para levar a eles a palavra e aceitando a Jesus, eram libertos. Atuei nesta área por dez anos trabalhando em parceria com casas de recuperação e vendo o poder de Deus alcançando e restaurando aqueles que marginalizados pelas famílias e sociedade encontravam em Jesus o refúgio e a salvação. Eu os amava com o amor de Deus, investia todo o meu tempo em aconselhamento e ajudando aqueles que necessitavam, e assim presenciei milagres extraordinários de Deus na vida de muitos deles. Morava em Gramado com meus familiares e como missionária comecei a ser convidada para pregar em muitos lugares e um deles foi num local chamado Molivi na cidade de Maringá (PR), onde se fazia um trabalho de recuperação de dependentes químicos e lá conheci um rapaz da cidade de Franca (SP) que me convidou para trabalhar na fundação de uma casa de recuperação nesta cidade. Depois de muito orar e dentro de uma convicção de esta era uma direção específica de Deus, aceitei e estou em Franca desde 1986. Como toda mulher, tinha o sonho de casar-me e constituir uma família, pois me sentia solitária e Ás vezes triste porque não encontrava a pessoas que amasse e fosse correspondida. Era aquele desencontro, pois quando eu gostava o outro não e vice-versa. Foi quando conheci o Wagner, um homem bonito, charmoso e inteligente que despertou em mim um interesse que foi transformando em amor. No início, éramos amigos e trabalhávamos juntos em palestras nas escolas e universidades sobre prevenção às drogas. Comecei a orar por ele e declarei meus sentimentos. Foi um período difícil de conquista, pois ele não se sentia preparado para firmar um compromisso e isso me fez sofrer muito. Porém, o Senhor ouviu as minhas súplicas e mudou o seu coração e ele começou a me amar exatamente no dia 12 de junho, ocasião especial (daí dos namorados) em que começamos a namorar e dentro de um pouco mais de um ano, no dia 12 de dezembro de 1992, nos casamos diante do Senhor e dos homens e juntos começamos um etapa maravilhosa que se estende até hoje e enquanto o Senhor nos permitir, até que a morte nos separe. Querido leitor(a) se você tem esperado no Senhor, alguém em sua vida, não desista, creia além das circunstâncias, pois Ele é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos. “Ora, aquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera” [Efésios 3:20]. Não é bom que o homem esteja só, foi o próprio Senhor quem disse. Ele sabe da tua necessidade e o casamento é uma instituição divina. Tão somente busque em primeiro lugar o Seu Reino e a Sua justiça e com certeza Ele acrescentara todas as demais coisas. “Mas, buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça e todas estão coisas vos serão acrescentadas” [Mateus 6:33]. O Senhor restaurou a minha sorte, curou minhas feridas libertando-me e todos os complexos gerados pelos abusos sexuis e me fez conhecer a felicidade plena ao lado do homem que amo. Fiquei grávida de nossa primeira filhinha e na ocasião trabalhando em tempo integral no atendimento e triagem na casa de recuperação, tive que pedir afastamento devido ao nascimento do bebê. O nascimento de nossa primeira filha encheu nosso lar de alegria e gratidão ao Senhor por nos ter presenteado de maneira tão graciosa. Éramos membros ativos de uma Igreja Presbiteriana e fomos convidados a assumirmos um trabalho missionário em uma congregação. Aceitamos e apesar de ser um trabalho simples e pequeno, o fizemos com muito amor e dedicação. Foi um tempo maravilhoso de convivência com pessoas que amávamos. Ficamos ali por um ano, quando o Conselho da Igreja decidiu trazer um missionário de outro Estado para assumir a igreja em tempo integral, o na ocasião nos era impossível, pois meu esposo Wagner tinha um emprego secular e não sobrava tanto tempo para nos dedicarmos com gostaríamos na obra do Senhor. Eu, particularmente, fiquei muito triste, mas tinha esperança que deus mudasse a situação e nos permitisse a continuar naquele trabalho. Continuamente orávamos e jejuávamos para que o Senhor restituísse aquele lugar a nós e num dia, durante o meu período devocional, ouvi a voz do Senhor falando ao meu espírito e as palavras Dele encheram meu coração de gozo. Ele me dizia que era chegada a minha hora e que Ele tinha uma Igreja para mim e eu seria constituída pastora. Compartilhei com meu esposo e ficamos na expectativa de que retornaríamos àquela igreja que tínhamos trabalhado. Porém, não foi isto que ocorreu e sem compreendermos começamos a buscar uma direção clara e o Salmo 32:8, que diz: “Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir, guiar-te-ei com os meus olhos”, era nossa oração diária, até que veio a compreensão exata e o Senhor dizia que estávamos equivocados e aquela promessa ao estava relacionada com a igreja que congregávamos e com temor e tremor fizemos com Abraão, obedecemos, sem saber pra onde ir e assim, começamos aos sábados em nossa casa uma reunião de oração. O Senhor nos honrou e as pessoas começaram a chegar, sendo salvas. Em nenhum momento tínhamos a pretensão de ermos pastores e procuramos ajuda, ou seja, a cobertura de alguma igreja que assumissem a nós e todas aquelas pessoas que em poucos meses haviam lotado a nossa casa. Aquelas vidas ao queriam ir para lugar algum e sempre manifestavam o interesse em ficar ali conosco. Isto nos preocupava, pois não tínhamos estrutura pastoral para batizá-los, servir a ceia etc. As portas e fecharam e ninguém se envolveu conosco, e assim ficamos sem saber o que fazer. Chorávamos, orávamos e até questionávamos se havíamos tomado a decisão certa. Num dia especial, em meio as orações, o Senhor abriu meus olhos espirituais e tive uma visão no espírito: eu vi uma espada enorme, brilhante e da cor prata e no cabo desta tinha diversas pedras de cores variadas. O esplendor daquela espada, que atravessava a sala onde eu estava, era lago do céu e não tem como se definir. Na ocasião ouvi a voz do Senhor que dizia : “Não temas peleja não é vossa, mas minha e eu pelejarei por vós”. Fiquei sem forças por um determinado tempo diante da majestade do Senhor dos Exércitos e levantei daquele lugar com uma força sobrenatural e descansei naquelas palavras. Não fui atrás de ninguém e a reunião em nossa casa alcançou um crescimento notável, não havendo espaço suficiente para acomodar confortavelmente todas as pessoas. Durante as reuniões, meu esposo que é músico, dirigia o louvor e eu pregava a Palavra e orava por todos. O Senhor confirmava as nossas orações com sinais maravilhosos. Muitas pessoas eram curadas, libertas e batizadas no Espírito. Neste tempo, cogitamos alugar um lugar com mais espaço e assim o fizemos, sempre pensando nas vidas que estavam conosco. Pedimos um nome a esta Comunidade que estava se formando e Deus nos levou a Malaquias 4:2: “Mas para vós que temeis ao meu nome, nascerá o Sol da Justiça, trazendo cura e salvação nas suas asas”. E assim, no dia 08 de novembro de 1997, nascia a Comunidade Evangélica Sol da Justiça. Alguns pastores conhecidos nossos, movidos por Deus, desejaram nos ordenar ao Ministério Pastoral, pois tínhamos um povo caminhando conosco, mas nós não tínhamos autoridade eclesiástica para conduzi-los. Na festa de inauguração fomos ordenados ao Ministério por homens e mulheres de Deus que faziam parte de diversificados ministérios pastorais. A igreja cresceu na unção e na conquista de muitas vis ao Senhor. Estou contando tudo isto para testificar de que é fiel toda Palavra do Senhor e é fiel em especial esta em destaque, de que: “Ele escolheu as loucas para confundir as sábias, as que não são para reduzir nada as que são ...” [ I Coríntios 1:26-28] e “Levanta o pobre do pó e o desvalido do monturo para fazer assentar com os príncipes , sim, com os príncipes do seu povo” [ Salmos 113:7].
Capítulo 5
Nos braços do pai
Assim que acabei de escrever este livro e aguardava que fosse editado, fomos surpreendidos pelo falecimento de meu pai. No dia 29 de fevereiro de 2004 recebi a triste notícia de que papai partiu para estar com o Senhor e a sua morte é digna de ser registrada. Um episódio que marcou a vida dele foi a morte de um obreiro de sua igreja. Este obreiro estava numa reunião de oração e ajoelhado veio a falecer. Isto aproximadamente vinte anos atrás. Papai ficou impressionado com este fato e achou maravilhoso aquele servo morrer daquela forma, orando e dentro da igreja num momento de íntima comunhão com o Pai e assim ele sempre comentava conosco: “que more linda!! A pessoa morrer na igreja , ela vai direto para os braços do Pai, eu gostaria de ter uma morte assim”. No dia que ocorreu a sua morte, ele estava muito feliz e segundo os meus familiares o dia todo procuro falar comigo, porém não me encontrando, ligou para minha sogra e falou com minha filhinha de quatro anos, que ele não conhecia pessoalmente. Falou muitas palavras bonitas para ela, chamando-a de princesa, linda como o vovô etc. Em seguida saiu para a igreja como era seu costume e chegando lá, entrou, ajoelhou-se para orar e no momento que seus joelhos tocaram o chão ele morreu. Foi uma parada cardíaca fulminante e no instante uma irmã que estava na igreja teve uma visão espiritual; ela viu dois anjos com roupas brancas resplandecentes tomando o corpo de meu pai os braços que j’estava com roupa similar à dos anjos e então ela viu os anjos subinso ao céu levando meu pai. O mais impressionante é que a senhora não sabia do seu desejo de morrer na igreja, nem tampouco de seus comentários e ainda não estava comprovado o seu falecimento, pois todos achavam que ele tinha passado mal e apenas desmaiado. O impacto daquela visão foi tão forte que aquela irmã caiu no chão e as pessoas presentes não sabiam a quem socorrer, o meu pai ou mulher que também estava caída no chão. O sepultamento dele reuniu uma multidão de pessoas e a sua vida bem como a sua morte foi um testemunho a todos da cidade de Gramado. A saudade que sentimos dele é muita, a sua ausência causa muita dor, principalmente à mamãe que no mês de maio completariam cinqüenta anos de casados. Resta-nos o consolo de saber que Deus concedeu ele os desejos de seus coração e que um dia estaremos juntos na eternidade ao lado de Jesus a quem amamos e quando este corpo corruptível se revestir da incorruptibilidade e o que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a Palavra escrita: “Tragada foi a morte pela vitória! Onde está ó morte a tua vitória? Onde esta o teu aguilhão ? [I Coríntios 15: 54-55].
Disse Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que esteja morto viverá” [João 11:25]. O senhor restaurou a minha vida e a vida de meus pais, mudou nossa história através do Seu amor e poder, com certeza “Ele é o msmo ontem , hoje e eternamente” [Hebreus 13:8]
ORAÇÃO
Senhor, tu perdoaste todos os meus pecados através de Jesus. Minha dívida foi cancelada. Estou livre e como Tu me perdoaste, eu tomo agora a decisão de perdoar todos os que me ofenderam, todos aqueles que de alguma forma me causaram algum mal. Eu os perdôo em nome de Jesus e libero estas pessoas (diga seus nomes) de minha vida, desligando toda influência delas sobre mim. Eu renunciou o ódio, a amargura e o ressentimento e recebo o amor de Deus em meu coração. Obrigado Jesus !! Amém !!
NOTA SOBRE A AUTORA
Maria Luiza Ribeiro Cherioni nasceu em Bom Jesus (RS) e atualmente é pastora da Comunidade Sol da Justiça na cidade de Franca (SP). É casada com o Pr. Wagner Botelho Cherioni com quem tem duas filhas, Andressa e Priscila. Ela é freqüentemente convidada a ministrar em congressos, encontro de casais, em igrejas, sempre abordando o tema do perdão e cura interior. Missionária credenciada pela Missão Jocum, atuou durante 10 anos em trabalhos filantrópicos em casas de recuperação para dependentes químicos. Endereço da Comunidade Sol as JustiçaAv. D. Pedro I, no. 970Bairro Antônio PetragliaFranca – SPe-mail: lusol@francanet.com.br